É o grande problema interior, aquele de cada um e de todos. É o problema da alma, que descobre em si mesma um abismo de trevas e de luz, que se contempla com uma mistura de encantamento e de pavor e se diz: "Eu não sou deste mundo, pois ele não é suficiente para me explicar".
Os grandes Iniciados- Édouard Schuré

21 de set. de 2011

Deus estará ali...

21/09/2011
3+9+4=
16/7





Bem estranha esta ilusão de separação... está cada vez mais a parte de quem eu estou vindo a ser... Como Deus, a Fonte, o Todo, estaria impedido de entrar? Somente em uma torre de ilusões...
A partir de hoje uso o raio como uma benção... para destruir o que não está em sintonia com que EU SOU... Aceito que faço parte do Todo e esto ligada a TUDO...


O Trunfo número dezesseis retrata duas figuras humanas que estão sendo violentamente lançadas de uma torre atingida por um raio (Fig. 70). A sua expressão é de aturdimento, mas elas não parecem feridas. A própria torre não foi demolida, mas a língua de um relâmpago, com aspecto de chama, fez pular fora a coroa de ouro que lhe servia de teto.
            Talvez a primeira associação do leitor com essa imagem tenha sido a Torre de Babel, edifício construído por Ninrode para escalar o céu. De acordo com o relato bíblico, o ato ímpio de Ninrode suscitou a cólera e a vingança de Deus, acarretando a desarmonia e a confusão das línguas na Terra. A conexão entre o Taro e a Torre de Babel é propositada, pois se diria que os dois humanos aqui pintados incorreram na ira celeste e estão sendo lançados de uma posição de altiva segurança para outra de exposição e confusão.
            O que tornou o ato de Ninrode duplamente ímpio foi o fato de que as torres da antiga Mesopotâmia, longe de serem erguidas como fortalezas para desafiar o céu, eram geralmente criadas como templos de adoração. Competia-lhes elevar a mente e o coração do homem e proporcionar meios aos deuses de descerem à Terra, assegurando assim a intercomunicação entre os reinos celeste e terreno. Consoante antigo mito, ocorrera em outros tempos um rompimento entre os Pais do Mundo (o céu e a Terra), e esperava-se que, pela edificação das torres se pudesse desfazer o rompimento e restaurar a fecunda interação entre as duas potências primárias.
            Simbolicamente, portanto, a torre era concebida, a princípio, como veículo para ligar o espírito à matéria. Fornecia uma escada, pela qual os deuses poderiam descer e o homem subir, dramatizando assim o conceito de que existe uma correspondência entre as ordens terrena e celeste. A antiga idéia sumeriana da ordem cósmica é ampliada por Alfred Jeremias da seguinte maneira: Considera-se o cosmo todo como penetrado de uma vida só, de maneira que há uma harmonia reconhecida entre os modos superior e inferior do Ser e do Vir-a-Ser. O pensamento informativo da visão sumeriana do mundo é: "O
que está em cima está embaixo"; e dessas duas direções de movimento espiritual são projetados: o Superior desce, o Inferior sobe — De mais disso, julga-se a inteireza do Superior e do Inferior cheia de divinas presenças espirituais, que passam como "energias celestes" para cima e para baixo. [Joseph Campbell (citando Jeremias), The Mythic Image, Princeton, Nova Jersey, Princeton University Press, 1974, Parte H, pág. 87].
            É evidente que a torre do Taro não foi construída como escada para as "energias celestes". Parece tratar-se de uma torrezinha particular, habitada por duas pessoas. Selada no topo, não convidava visitas do céu nem permitia que o calor ou a iluminação entrassem por cima. Os dois que ergueram o edifício coroaram-no rei, indicando assim que não reconheciam autoridade alguma acima da sua própria criação. Não há portas pintadas na estrutura, por meio das quais os habitantes pudessem entrar ou sair à vontade ou receber convidados, e as janelas são muito pequenas.
            Podemos fazer uma idéia de quão escura e isolada deve ter sido a vida dos dois habitantes da torre, elevados acima da terra da natureza, separados dos semelhantes e dos deuses. Hão de ter vivido como prisioneiros. Não há dúvida de que suas mentes e corações também eram tão frios e escuros quanto o seu ambiente e tão firmemente cerrados à possibilidade de uma intervenção milagrosa. Nesses casos, os deuses devem achar um modo de entrar - à força, se necessário. Pois, como afirma o dito antigo: "Vocatus atque non vocatus, deus aderit." (Chamado e não chamado, Deus estará ali.)

Sallie Nichols- Jung e o tarô


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