É o grande problema interior, aquele de cada um e de todos. É o problema da alma, que descobre em si mesma um abismo de trevas e de luz, que se contempla com uma mistura de encantamento e de pavor e se diz: "Eu não sou deste mundo, pois ele não é suficiente para me explicar".
Os grandes Iniciados- Édouard Schuré

13 de set. de 2011

Equilíbrio...

13/09/2011
4+9+4=
8



Como equilibra r nossa energia? Nos libertando dos dramas de controle... aqui está um trecho do Livro a visão Celestina de James Redfiel...
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SUPERANDO
A DISPUTA DE PODER

A GRANDE CONQUISTA dos psicólogos da interação foi identificar e explicar a
tendência dos seres humanos a competir entre si e a dominar uns aos outros por causa de uma
profunda angústia existencial. Veio do Oriente, no entanto, um esclarecimento maior sobre o
processo psicológico subjacente a esse fenômeno.
Como tanto a ciência quanto o misticismo demonstram, o ser humano é, em essência,
um campo de energia. No entanto, a sabedoria oriental afirma que o nosso nível normal de
energia é baixo e fraco, e assim permanecerá até nos abrirmos às energias absolutas
disponíveis no universo. Quando isso ocorre, o ch'i — que talvez devêssemos chamar de
nosso nível de energia quântica — eleva-se o suficiente para sanar nossa angústia existencial.
Mas até então vivemos procurando extrair das outras pessoas energia adicional.
Vamos começar esse estudo examinando aquilo que realmente acontece quando dois
seres humanos interagem. Existe um velho provérbio místico que diz que aonde vai a atenção,
para lá flui a energia. Assim, quando duas pessoas voltam a atenção uma para a outra, elas
literalmente fundem seus campos energéticos, juntando as energias. Aí surge logo a questão:
quem é que vai controlar essa energia acumulada? Se um dos dois consegue dominar, fazendo
o outro aceitar seu ponto de vista — enxergar o mundo à sua maneira, através dos seus olhos
—, então esse indivíduo capturou para si a energia de ambos. Ele sente uma imediata onda de
poder, segurança, autovalorização e até mesmo euforia.
Mas esses sentimentos positivos são conseguidos às custas da outra pessoa, que,
dominada, sente-se fora do centro, ansiosa e desprovida de energia42 — todos nós já nos
sentimos assim alguma vez. Quando somos forçados a ceder a alguém que nos manipulou até
nos confundir, nos tirar do equilíbrio, nos expor, de repente nos sentimos exaustos. E a
tendência natural é tentar tomar de volta a energia do nosso dominador, usando em geral de
qualquer meio necessário.
Esse processo de dominação psicológica pode ser observado em toda parte, e é a fonte
oculta de todos os conflitos irracionais no mundo humano, em nível de indivíduos e famílias

até todas as culturas e nações. Assim, olhando realisticamente para a sociedade, veremos um
mundo que compete pela energia, com pessoas manipulando umas às outras de maneiras
muito engenhosas (e em geral bastante inconscientes). À luz da nova compreensão do
universo, podemos ver também que a maioria das manipulações usadas — a maioria dos jogos
que as pessoas jogam — resulta das teorias básicas de cada um. Em outras palavras: são elas
que formam o campo de intenção do indivíduo.
Quando entramos em interação com outro ser humano, precisamos ter isso tudo em
mente. Cada pessoa é um campo de energia consistindo num conjunto de teorias e crenças,
que se irradiam e influenciam o mundo. Isso inclui as crenças sobre aquilo que um indivíduo
pensa dos outros, e como sair vitorioso na conversa.
Todo mundo tem um conjunto único de teorias e estilo de interação, que chamo de
"dramas de controle". Acredito que esses "dramas" seguem um continuum que vai de muito
passivo a muito agressivo.

O COITADO DE MIM

O mais passivo dos dramas de controle é a estratégia da vítima, ou o que chamo de
Coitado de Mim. Nesse drama, a pessoa, em vez de competir diretamente pela energia,
procura ganhar atenção e deferência manipulando o sentimento de solidariedade.
Sempre podemos perceber quando entramos no campo de energia de um Coitado de
Mim, porque somos imediatamente atraídos para um tipo de diálogo que nos tira do nosso
centro de equilíbrio. Começamos a nos sentir culpados sem motivo algum, como se
estivéssemos sendo colocados nesse papel pela outra pessoa. Ela tanto pode dizer: "Bem,
ontem esperei o seu telefonema e você não telefonou", como "Tanta coisa horrível me
aconteceu e você tinha desaparecido". Pode até mesmo acrescentar: "Todas as outras coisas
ruins que vão me acontecer e você provavelmente não estará por perto também."
Essas frases podem ser adaptadas para uma ampla gama de assuntos, dependendo do
tipo de relacionamento que temos com a pessoa. Se for um colega de trabalho, o conteúdo
pode se referir à sobrecarga de trabalho que ele está suportando porque você não está
ajudando; se se tratar de um mero conhecido, ele pode simplesmente começar a falar sobre
ávida ruim que leva. Existem dezenas de variações, mas o tom e a estratégia básica são os
mesmos — sempre um apelo à solidariedade e a afirmação de que de alguma forma você é
responsável.
A estratégia óbvia no drama do Coitado de Mim é nos desequilibrar e ganhar a nossa
energia, criando em nós um sentimento de culpa ou dúvida. Ao assumirmos essa culpa,
passamos a enxergar o mundo da outra pessoa através dos olhos dela, e de imediato ela sente
a onda da nossa energia acrescentada à sua, e assim passa a se sentir mais segura.
Lembre-se que esse drama é quase totalmente inconsciente. Ele nasce de uma visão
pessoal do mundo e de uma estratégia para controlar os outros adotadas no início da infância.
Para o Coitado de Mim, o mundo é um lugar onde não se pode contar com as pessoas para
satisfazer suas necessidades de nutrição e bem-estar, e um lugar assustador demais para
arriscar-se a perseguir essas necessidades direta ou positivamente. No mundo do Coitado de
Mim, a única maneira de agir razoável é pedir simpatia através da culpa e de rejeições
denunciadas.
Infelizmente, por causa do efeito que essas crenças e intenções inconscientes têm sobre
o mundo, muitas vezes o mesmo tipo de pessoas que o Coitado de Mim teme são exatamente
aquelas que ele permite que entrem em sua vida. E os acontecimentos muitas vezes são
traumatizantes. A resposta do universo é produzir exatamente o tipo de mundo que a pessoa
espera, e desse modo o drama é um círculo vicioso e sempre acaba se justificando. Embora
não se dê conta disso, o Coitado de Mim está preso numa armadilha sem saída.

LIDANDO COMO COITADO DE MIM

Ao lidar com o Coitado de Mim, é importante nos lembrarmos de que o propósito do
drama é adquirir energia. Temos que começar com a disposição de conscientemente doar
energia ao Coitado de Mim enquanto conversamos com ele; esta é a maneira mais rápida de
interromper o drama. (Enviar energia é um processo exato, que estudaremos no Capítulo 9.)
Em seguida, devemos avaliar se a culpa é justificada ou não. Certamente haverá em
nossa vida muitas ocasiões em que devemos nos preocupar por termos decepcionado alguém,
ou nos solidarizar com uma pessoa em situação difícil. Mas essa necessidade deve ser
determinada por nós, não por outrem; só nós podemos decidir quando e até que ponto temos a
responsabilidade de ajudar alguém.
Uma vez que tenhamos doado energia para o Coitado de Mim e determinado que
estamos presenciando um drama em ação, o próximo passo é dar nome aos bois — isto é,
fazer do próprio drama de controle o objeto da conversa.43 Ninguém consegue sustentar um
drama inconsciente se ele for alçado à consciência e colocado em discussão. Isso pode ser
feito com uma afirmação como: "Sabe, neste momento estou com a impressão de que você
acha que eu deveria me sentir culpado."
Aqui devemos estar preparados para proceder com coragem, porque apesar de estarmos
apenas procurando lidar honestamente com a situação, a outra pessoa pode interpretar isso
como rejeição. Nesse caso, a reação típica é: "É, eu sabia que você não gostava de mim." Em
outros casos, a pessoa pode se sentir ofendida e zangada.
Na minha opinião, é muito importante apelar para a pessoa para que escute e dê
prosseguimento ao diálogo. Mas isso só poderá dar certo se durante toda a conversa
estivermos constantemente doando à pessoa a energia de que ela precisa. Acima de tudo,
temos que perseverar, se desejamos melhorar a qualidade do relacionamento. Na melhor das
hipóteses, a pessoa vai nos escutar quando expusermos o seu drama, e vai conseguir abrir-se
para um grau maior de autoconsciência.


O DISTANTE

Um drama de controle um pouco menos passivo é o do Distante. Quando começamos
uma conversa e de repente percebemos que não estamos conseguindo obter uma resposta
direta, constatamos que penetramos no campo energético de alguém que está usando esta
estratégia. A pessoa com quem estamos conversando se mostra distante, desligada, misteriosa
em suas respostas. Se lhe perguntamos sobre o seu passado, por exemplo, a resposta é um
resumo vago, tal como: "Andei viajando por aí", sem mais especificações.
Durante essa conversa, sentimos que temos que fazer uma pergunta suplementar,
mesmo que se trate de um assunto bem simples. Teremos que dizer, talvez: "Viajando por
onde?", e recebemos a resposta: "Por muitos lugares."
Aí podemos discernir claramente a estratégia do Distante: criar constantemente em
torno de si uma aura de vaguidão e mistério, forçando-nos a gastar muita energia garimpando
informações que normalmente deveriam ser fornecidas de maneira casual. Quando fazemos
isso, estamos intensamente concentrados no mundo da pessoa, olhando através dos olhos dela,
esperando compreendê-la melhor, e assim estamos lhe dando a carga de energia que ela
busca.
Temos que nos lembrar, no entanto, de que nem todo mundo que se mostra vago ou se
recusa a nos dar informações sobre si mesmo está utilizando o drama do Distante; a pessoa
pode simplesmente desejar permanecer anônima por um motivo qualquer. Toda pessoa tem o
direito à privacidade e a revelar aos outros apenas aquilo que desejar.
Entretanto, utilizar essa estratégia de distanciamento para adquirir energia é algo muito
diferente. Para o Distante, trata-se de um método de manipulação que procura nos atrair, no
entanto nos mantém à distância. Se concluirmos que a pessoa simplesmente não deseja
conversar conosco, por exemplo — e assim passamos a prestar atenção em outra coisa —
muitas vezes o Distante voltará a interagir conosco, dizendo alguma coisa destinada a nos
atrair de volta à interação, para que a energia possa continuar fluindo em sua direção.
Como no caso do Coitado de Mim, essa estratégia vem de situações passadas. Em geral
o Distante não conseguia comunicar-se livremente quando criança, pelo fato de isso ser
ameaçador ou perigoso. Nesse ambiente, o Distante aprendeu a ser constantemente vago ao se
comunicar com os outros e, ao mesmo tempo, encontra um modo de ser ouvido, para adquirir
energia dos outros.
Como no caso do Coitado de Mim, a estratégia do Distante é baseada num conjunto de
teorias inconscientes a respeito do mundo. O Distante acredita que o mundo está cheio de
pessoas a quem não se podem confiar informações pessoais; ele julga que a informação será
usada contra ele mais tarde, ou servirá de base para críticas. E, como sempre, essas teorias
irradiam-se do Distante e vão influenciar os tipos de acontecimentos que advirão, cumprindo
a sua intenção inconsciente.


LIDANDO COM O DISTANTE

Para lidar de maneira eficaz com alguém que esteja usando o drama do Distante, temos
que nos lembrar de começar por enviar energia; enviando uma energia de amor em vez de nos
tornarmos defensivos, aliviamos a pressão que faz com que a manipulação continue. Sem essa
pressão, podemos começar de novo, dando nome aos bois e fazendo do drama o assunto da
conversa, para trazê-lo à consciência da outra pessoa.
Como no caso anterior, podemos esperar uma entre duas reações. A primeira: o Distante
pode fugir à conversa e cortar toda a comunicação. Naturalmente, isso é sempre um risco que
deve ser corrido, porque dizer qualquer outra coisa seria continuar a fazer o jogo. Nesse caso,
só podemos desejar que a nossa maneira direta de agir inicie um novo padrão que levará à
autoconsciência.
A outra reação do Distante pode ser continuar a conversa, mas negar estar usando o
drama de controle do Distante. Nesse caso, como sempre, ternos que ponderar a verdade do
que a pessoa está dizendo. No entanto, se tivermos certeza da nossa percepção, temos que nos
manter firmes e continuar a dialogar com a pessoa. Esperamos que da conversa se estabeleça
um novo padrão.

O INTERROGADOR

Um drama de controle mais agressivo, que hoje permeia toda a sociedade moderna, é o
do Interrogador. Nessa estratégia de manipulação, a pessoa usa a crítica para adquirir energia
dos outros.
Na presença de um Interrogador sempre temos a impressão distinta de que estamos
sendo fiscalizados. Ao mesmo tempo, temos a sensação de que nos coube desempenhar o
papel de uma pessoa inapta ou incapaz de cuidar da própria vida.
Temos essa sensação porque o indivíduo com quem estamos interagindo nos puxou para
uma realidade onde ele sente que a maioria das pessoas está cometendo erros enormes na
vida, e que cabe a ele corrigir essa situação. O Interrogador pode dizer, por exemplo: "Sabe,
você não se veste de maneira adequada para o seu tipo de trabalho", ou "Já percebi que você
não limpa muito bem a sua casa". Com a mesma facilidade, a crítica poderia visar o nosso
desempenho profissional, o modo como falamos ou uma ampla gama de características
pessoais. Não faz diferença — qualquer coisa funcionará, contanto que a crítica nos
desequilibre e nos deixe inseguros.
A estratégia inconsciente do Interrogador é apontar alguma coisa sobre nós que nos
desequilibre, na esperança de nos convencer da verdade dessa crítica para que adotemos a sua
visão do mundo. Quando isso ocorre, começamos a enxergar a situação pelos olhos do
Interrogador, e assim lhe passamos energia. A intenção do Interrogador é ser o juiz da vida
das outras pessoas, de modo que, logo que o diálogo tem início, os outros imediatamente
aceitem sua visão do mundo, fornecendo-lhe um fluxo regular de energia.
Assim como os outros dramas, este surge de teorias projetadas. O Interrogador acredita

que o mundo só será seguro ou organizado se ele estiver vigiando o comportamento e a
atitude de todas as pessoas, e fazendo correções. Nesse mundo ele é o herói, o único que
presta atenção e se encarrega de providenciar para que as coisas sejam feitas com cuidado e
perfeição. Geralmente o Interrogador vem de uma família onde as figuras do pai e da mãe
eram distantes ou não cuidavam das necessidades dele; na insegurança desse vazio energético,
o Interrogador captava atenção e energia da única maneira possível: apontando erros e
criticando o comportamento da família.
Quando a criança cresce, carrega consigo essas teorias a respeito de como é o mundo e
como são as pessoas, e essas teorias por sua vez criam esse tipo de realidade na vida do
Interrogador.

LIDANDO COM O INTERROGADOR

Lidar com o Interrogador é uma questão de manter-se suficientemente centrado para lhe
fazer ver como estamos nos sentindo em sua presença. Também aqui o segredo é não assumir
uma postura defensiva, e enviar energia de amor, enquanto explicamos que ele nos faz sentir
vigiados e criticados.
Também o Interrogador poderá ter várias reações diferentes. Primeiro, pode negar ter o
hábito de criticar, mesmo diante de exemplos. Mais uma vez, precisamos considerar a
possibilidade de estarmos equivocados, ouvindo críticas onde elas não existiram. Se, por outro
lado, temos certeza dessa percepção, então podemos apenas expressar a nossa posição,
esperando que possa surgir um diálogo verdadeiro.
Outra reação que o Interrogador poderá ter é virar a mesa e nos acusar de
excessivamente críticos; se isso acontecer, precisamos avaliar se essa acusação é verdadeira.
No entanto, se temos certeza de que isso não é verdade, devemos voltar a conversar sobre a
sensação que experimentamos na sua presença.
Uma terceira reação que o Interrogador poderá ter é questionar se as críticas são válidas
e precisam ser feitas, e nos acusar de estarmos evitando olhar para os nossos próprios defeitos.
Mais uma vez, temos que ponderar a verdade dessa afirmação, mas, se tivermos a certeza da
nossa posição, poderemos citar vários exemplos de que as críticas do Interrogador foram
desnecessárias ou feitas de maneira errada.
Todos nós enfrentamos situações em que sentimos que os outros estão fazendo alguma
coisa que não parece ser em seu benefício. Podemos sentir que devíamos intervir e apontar o
erro; o essencial é o modo como intervimos. Acho que devemos procurar fazer afirmações
neutras, tais como: "Se os meus pneus estivessem carecas assim, eu compraria novos", ou:
"Quando estive nessa situação, larguei o emprego antes de arranjar outro e me arrependi".
Há maneiras de intervir que não arrancam a pessoa de seu ponto de vista, nem minam a
sua confiança como faz o Interrogador, e essa diferença lhe deve ser explicada. Também aqui,
pode ser que a pessoa rompa o relacionamento em vez de escutar o que estamos dizendo, mas
este é um risco que temos que correr para sermos fiéis à nossa experiência.

O INTIMIDADOR

O drama de controle mais agressivo é a estratégia do Intimidador. Podemos perceber
que entramos no campo energético de tal pessoa
porque não apenas nos sentimos exaustos ou constrangidos; sentimo-nos ameaçados,
talvez até mesmo em perigo. O mundo se torna sinistro, ameaçador, descontrolado. A pessoa
que utiliza essa estratégia dirá e fará coisas que sugerem que, a qualquer momento, ela poderá
explodir de raiva ou tornar-se violenta. Ela pode narrar casos em que feriu outras pessoas, ou
demonstrar a extensão da sua raiva quebrando móveis ou arremessando coisas.
A estratégia da pessoa intimidadora é ganhar a nossa atenção e assim a nossa energia,
criando um ambiente em que nos sentimos tão ameaçados, que lhe damos toda a nossa
atenção: quando alguém nos dá a impressão de que pode perder o controle ou fazer algo
perigoso, nós fazemos questão de observá-la atentamente. Se estamos conversando com uma
pessoa assim, geralmente evitamos discutir o ponto de vista dela. Naturalmente, quando
olhamos nos olhos dela, tentando discernir (para a nossa própria segurança) o que ela poderá
fazer, ela recebe a carga de energia de que necessita tão desesperadamente.
Esta estratégia de intimidação geralmente tem origem num passado de severa carência
energética, mais comumente envolvendo relacionamentos com outros Intimidadores que são
dominadores e abusados, e onde nenhuma outra estratégia para recuperar a energia iria
funcionar. Não adiantaria prender as pessoas na armadilha do Coitado de Mim — ninguém se
importa. Certamente tampouco vão perceber se a pessoa estiver bancando o Distante. E
qualquer tentativa de ser um Interrogador é recebida com raiva e hostilidade. A única solução
é suportar a falta de energia até ser suficientemente grande para que a pessoa seja, por sua
vez, um Intimidador.
O mundo que o Intimidador enxerga é um mundo de violência e hostilidade; um mundo
no qual cada pessoa está perdida num supremo isolamento, onde todos rejeitam e ninguém se
importa — e é exatamente isso que essas teorias trazem para a vida do Intimidador.

LIDANDO COM O INTIMIDADOR

O confronto com o Intimidador é um caso à parte. Por causa do perigo, na maioria dos
casos, é melhor simplesmente manter distância. Se existe um longo relacionamento com o
Intimidador, em geral o melhor a fazer é colocar a situação nas mãos de um profissional. O
plano de ação terapêutico, naturalmente, é bem parecido com os dos outros dramas. O sucesso
com esse tipo de pessoa exige que lhe seja dada a sensação de segurança; é preciso transmitirlhe
energia de apoio e fazer com que tome consciência da realidade do seu drama.
Infelizmente há muitos Intimidadores por aí que não recebem ajuda e vivem em estados
alternados de medo e raiva.
Muitas dessas pessoas terminam às voltas com a Justiça, e certamente é sensato mantêlas
fora da sociedade. Mas um sistema que as mantém presas sem qualquer intervenção
terapêutica e depois torna a libertá-las não compreende nem alcança a raiz do problema.44

SUPERANDO O NOSSO DRAMA DE CONTROLE

Todos nós escutamos, ao longo da vida, queixas dos outros a respeito dos nossos
padrões de comportamento. A tendência humana é ignorar ou racionalizar essas queixas para
poder prosseguir com o estilo de vida escolhido. Mesmo hoje, que o conhecimento dos
hábitos e roteiros autodestrutivos está se tornando uma parte maior da consciência humana,
achamos muito difícil enxergar o nosso comportamento pessoal de maneira objetiva.
No caso de dramas de controle graves em que a pessoa tenha procurado ajuda
profissional, as reações de crise podem desfazer anos de progresso e crescimento na terapia
quando os velhos padrões, que se julgavam superados, reaparecem. Aliás, uma das mais
recentes revelações entre os terapeutas profissionais é que o verdadeiro progresso exige mais
do que a catarse que ocorre durante a exploração pessoal dos traumas da primeira infância.45
Agora sabemos que para acabar com essas tentativas inconscientes de adquirir energia e
segurança precisamos nos concentrar na base existencial — mais profunda — do problema, e
enxergar além da visão intelectual para ganhar acesso a uma nova fonte de segurança, que
poderá funcionar independentemente das circunstâncias externas.
Estou me referindo aqui a um tipo diferente de catarse — aquele que ao longo da
História os místicos apontam, e do qual cada vez mais ouvimos falar. Sabendo o que sabemos
sobre as disputas de energia na sociedade humana, o nosso desafio é nos examinarmos
atentamente, para que possamos identificar o nosso conjunto particular de teorias e as
intenções que constituem o nosso drama, e encontrar outra experiência que nos permita a
abertura para a nossa energia interior.

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